terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Segundo ataque ao CAN 2010 - Angola

O Segundo ataque ao CAN 2010


O presente texto tem como objectivo reflectir em torno das informações divulgadas sob o ataque da FLEC à selecção togolesa na fronteira entre a República do Congo e a província angolana de Cabinda.
Começo por concordar que é deveras responsabilidade do país organizador, garantir a segurança máxima das selecções e das pessoas de uma forma geral. Não se trata de buscar  culpados, embora sabe-se que as responsabilidades são bem conhecidas. Ora, Angola do nosso ponto de vista aparece de uma forma diferente na imprensa europeia, com tudo que há de mais negativo naquele país ao sul do continente africanos. Propaganda a parte, o CAN 2010 é uma manifestação desportiva e deve-se evitar fazer política, muito embora concorde que haja espaço para tal. Contudo, não sem reconhecer o mal causado pelo atentado, fico espantado quando ao leio e vejo tamanha campanha de ofuscar uma realização que é suposto ser a festa do futebol africano.  O mais admirável em tudo isso, são os argumentos que sugerem  da possibilidade de igual ocorrência num Mundial ainda em agenda.  Como se o problema de Cabinda tivesse ligação com a realização do Mundial pela África do Sul. Entendo que existe um conflito de baixa intensidade em Cabinda, e uma vez conhecida a agenda da selecção togolesa, pelas autoridades angolanas, devesse desaconselhar o trajecto pela zona fronteiriça.  Mesmo com alguma segurança em escolta, o evitável aconteceu.
Minha intenção é reflectir  em torno da campanha de informação sob o atentado pela imprensa internacional, com destaque para a europeia. É deveras espantoso ver como até imagens de passado conflito são usadas para narrar o sucedido. É motivo para questionarmos até que ponto vai a campanha de desinformação contra um país que acaba de sair duma guerra civil faz 7 recentes anos.  Uma das hipóteses que levantamos é que Angola reemerge na imprensa europeia pela negativa e todo esforço é feito no  quadro do passado conflito.  Na medida que as informações são emitidas, nasce a desconfiança e o desconforto diante de uma imagem de um país em reconstrução.  Vários são os debates desencadeados em tão curto espaço de tempo,  - estou certo que ganhará a festa do futebol com tudo que há de mais político no CAN2010.   Para o governo de Angola é um segundo golpe ao CAN 2010,a campanha de informação promovida pela imprensa europeia.  Motivos existem para questionar o poder nosivo que tal campanha poderá macular mais uma vez a imagem este país. É caso para reflectirmos em torno  dos efeitos colateral do chamado quarto poder.  Se a imprensa ajuda a construir, não é menos verdade que também ajuda a desconstruir.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Replica: Um Safari Chinês

Um Safari Chinês –  livro de jornalismo de investigação  à intervenção chinesa no continente africano.
África apresenta-se aberta ao capitalismo chinês, particularmente nos países estratégicos e potenciais em recursos naturais.
Interessa-me mais o título original, - “ La Chinafrique. Pékim à la conquête du continent noir”, embora o título em português soa  mais a ironia, talvez o sensasionalismo comercial.
No fundo é uma obra interessante para avaliar a forma como o capital é igual em toda parte, sendo o único interesse o lucro. Um Safari chines, - diz muito mais dos investigadores jornalistas, suas jornadas de trabalho e muito pouco do capitalismo chinês em África, baseado na solidariedade e beneficio mútuo.
12 países africanos foram alvo de investigação apontada e fotografada, num trajecto que durou dois anos.
Sem dúvidas que à intervenção chinesa em África, com todas as suas nuances, é encarada com bastante preocupação pela impresa ocidental e os centros de decisão política e económica. Um Safari chinês, oferece-nos uma imagem mitigada de África optimista com as novas ou renovadas alianças ao capital chinês.  – o que faz renascer novas esperanças para alguns e oportunidades de enriquecimento para outros.  Verdades abandantes sobre o cruzamento de interesses  chinês com as elites políticas e económicas africanas, num pacto em que saí triunfante o Exim Bank of China, - nova versão do FMI chinês.
O livro encerra com uma mensagem herdeira do afro-pessimismo, em contraponto ao afro-optimismo contagiante.  Ideias esteriotipadas e metaforas vivas são abandantes na obra. Uma influência directa da literatura de viagem em  obras como “ No coração das Trevas”, de Josheph Conrad e outros nomes ao serviço do colonialismo do século passado.
Como faz notar o cientista africano Carlos Lopes (2009), não pode ser subestimado o impacto da china (na) transformação real, mas sobretudo psicologica. Pela primeira ves, a África sente-se digna, capaz de escolher e com um optimismo contagiante.  Ao contrário do que se propaga, os chineses não vêem apenas buscar materias-primas. Eles são já o primeiro investidor em infra-estrutura, entraram com liquidez extasiante no Mercado financeiro doméstico da África do Sul e Nigéria, para financiar projectos locais. Eles buscam também um intercâmbio tecnológico crescente com o continente.  A “febre da china” (2009) têm influenciado o debate dos cientistas africanos nas mais diversas áreas.    Portanto, o capitalismo chinês também tem às suas vítimas.